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Beatriz Cerqueira

Nasceu em Lisboa, no dia 28 de Julho de 1995. Completou o 12º ano no Colégio de Santa Doroteia, em Lisboa, na área de Ciências e Tecnologias, em 2013. Estudou na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, desde os 10 anos, onde concluiu com sucesso disciplinas como formação musical, coro, história da música, acústica e composição. Concluiu o curso de Piano no ano de 2015. No ano de 2016, frequentou um ano do curso de Canto. Frequenta, desde Setembro de 2013, o Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, tendo selecionado telecomunicações como área de especialização principal e computadores como secundária. No ano letivo de 2016/2017, frequentou dois semestres na Technische Universität Wien, em Viena, no âmbito do programa de mobilidade Erasmus. No próximo semestre, irá realizar a sua tese de mestrado na Karlsruhe Institute for Technology, na Alemanha.

                  Adquiriu a primeira experiência profissional na Junta de Freguesia de Belém, onde trabalhou como monitora de um grupo num campo de férias de verão, em 2015. Entre Fevereiro e Agosto de 2016, trabalhou como Guia do Núcleo de Apoio ao Estudante, no Instituto Superior Técnico. Aqui, deu apoio a atividades e eventos académicos e foi ainda responsável pelo projeto Ciência3, que tem como objetivo promover o contacto de crianças e jovens de escolas da região de Lisboa com as áreas das ciências e da engenharia, motivando-os a dar continuidade aos seus estudos após a conclusão do ensino secundário.

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Carolina Lopes

Nasceu em Setúbal, no dia 5 de Junho de 1995. Completou o 12º ano no Colégio St.Peter’s School, em Palmela, na área de Ciências e Tecnologias, em 2013. Praticou diversos desportos a nível competitivo como natação, ténis, atletismo, basquetebol e futsal, tendo sido federada em rugby durante 3 anos. Frequentou aulas de pintura a óleo durante 4 anos, tendo obtido dois prémios de desenho a nível nacional no âmbito do concurso do cartaz sobre a Paz da Associação Lions Club Internacional.

 Frequenta, desde Setembro de 2013, o Mestrado Integrado em Engenharia Eletrotécnica e de Computadores, tendo seleccionado telecomunicações como área de especialização principal e sistemas de decisão e controlo como secundária.

 No verão de 2017, teve o primeiro contacto com o mundo do trabalho ao estagiar na operadora NOS Portugal no departamento de Redes de Engenharia nas áreas de Optimização e Performance e Ofertas e Terminais. No próximo semestre, irá realizar mobilidade em Buenos Aires no Âmbito do programa SMILE.

SOBRE NÓS

"THE ONLY WAY TO ACHIEVE THE IMPOSSIBLE IS TO BELIEVE IT IS POSSIBLE"

Alice Kingsleig

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EVOLUÇÃO FUTURA

No início do ano 2017, o director executivo da Netflix, Reed Hastings, deu uma entrevista na Mobile World Congress onde abordou diversas perpectivas do futuro da empresa e garantiu que a plataforma se iria adaptar ao futuro do streaming fosse ele qual fosse.

O CEO da Netflix quer que o serviço de streaming na Netflix seja instantâneo, afirmando que vão fazer tudo para que o buffering passe a ser uma realidade do passado. Reforçou ainda que vão continuar a investir na evolução das tecnologias de compressão, tanto de vídeo como de áudio, para conseguirem transmitir vídeos com elevada qualidade com bit rates ainda mais baixos.

Reed Hastings diz que com este investimento daqui a uns anos será possível assistir ao conteúdo da plataforma com o mínimo de qualidade com uma ligação de apenas 200 Kbps, evolução de grande importância em especial para países de terceiro Mundo, com fracas infraestruturas tecnológicas.

No final da entrevista, a apresentadora perguntou ao empreendedor norte-americano onde via a sua empresa daqui a 20 anos e foi aí que ele fez a ponte entre a Netflix e a inteligência artificial. Afirmou que o desenvolvimento da IA será implementado no nosso dia-a-dia por essa altura, deixando em aberto a forma como a empresa se irá adaptar a essa nova realidade.

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IMPLICAÇÕES LEGAIS E SOCIOLÓGICAS

Como seria de esperar, a Netflix veio revolucionar a maneira de ver televisão. O impacto causado na rotina diária das pessoas, na sociedade e no ambiente é tremendo e não pode deixar de ser considerado. Embora possa haver considerações negativas, principalmente relacionadas com o impacto ambiental, há que não esquecer que a Netflix surgiu como uma resposta extremamente eficaz e eficiente às necessidades e requisitos da população de hoje em dia.

7.1. Impacto ambiental

É inquestionável que os DVDs são considerados uma tecnologia do passado, numa era em que a internet nos dá acesso a informação quase ilimitada. Desde há alguns anos que o impacto ambiental causado pela produção e distribuição de DVDs reduziu significativamente. Contudo, isto não foi devido propriamente à Netflix.


Pelo contrário, segundo um estudo da Universidade do Massachussetts, a Netflix contribui significativamente para o aumento da pegada de carbono, derivado do consumo intensivo de energia usada para alimentar data centres. O estudo revela que é acumulada 100% mais pegada de carbono para alimentar os centros de armazenamento e distribuir streaming de um filme do que para fazer entrega de um DVD em casa do utilizador, mesmo apesar de necessitar de apenas 78% da energia.

Contudo, torna-se evidente que perante a realidade dos dias que correm, esta é uma mudança necessária. Além disso, investindo em equipamento mais eficiente e ecológico nos data centers, será possível atingir uma solução quase ideal, sem desperdício de material e minimizando a energia e os recursos consumidos.

7.2. Combate à pirataria

No âmbito da pirataria, a Netflix tem sido realmente uma luz ao fundo do túnel. Desde que o acesso a imagem e vídeo começou a ser pago, a pirataria começou a ganhar força e dimensão, chegando mesmo a constituir um grave e incontornável problema para algumas empresas.

A solução da Netflix é simples – um conceito de subscrição que torna a pirataria completamente obsoleta e sem sentido. O que acontece é que o conteúdo continua a ser pirateado, mas a população não adere e as empresas não reagem.


Em 2003, 60% do tráfego de internet estava ainda destinado à partilha de ficheiros peer-to-peer. No ano de 2016, a percentagem de tráfego BitTorrent atingiu apenas 1.73% do tráfego downstream na América do Norte, sendo que a Netflix sozinha ocupou 35.15% do tráfego.

Claro que um maior obstáculo a ultrapassar são ainda as páginas de streaming ilegal. Só em 2016, foram reportados 77.7 mil milhões de visitas a sites deste tipo. Contudo, a Netflix ajuda a diminuir este impacto através da diversidade de programas e filmes distribuídos e produzindo os seus próprios conteúdos, acabando por enfrentar práticas ilegais e problemáticas junto da população.


7.3. A nova rotina Netflix

A grande vantagem da Netflix em comparação com a televisão por cabo é, sem dúvida, a versatilidade com que se adapta às diferentes disponibilidades e horários dos espectadores. Enquanto que há uns anos todos esperavam pela transmissão do próximo episódio de uma série ou não conseguiam ver um determinado filme porque não estavam em casa, agora com um simples clique no rato ou toque no comando, podem ver qualquer episódio ou qualquer filme quando quiserem.


Uma outra particularidade dos Originais Netflix é que, quando uma temporada de uma série televisiva é lançada, todos os episódios ficam disponíveis ao mesmo tempo. Isto tem gerado um furor a que se dá o nome de binge-watching, que consiste em fazer uma “maratona” de muitos episódios de seguida.

Também os filmes tomam uma parte importante na rotina de entretenimento da população. Segundo um estudo da Netflix, depois de terminarem uma série, 59% dos espectadores faz uma pausa que dura em média três dias. Nestes três dias, 61% destes utilizadores vê ainda um filme de temática estreitamente relacionada com a última série que viu.


Esta evolução de hábitos mostra-se muito conveniente para o ritmo cada vez mais agitado do dia-a-dia da população contemporânea, surgindo a Netflix como um veículo para a mudança natural do estilo de vida da sociedade.

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NETFLIX EM PORTUGAL

A Netflix chegou às casas dos Portugueses apenas há dois anos, no dia 21 de Outubro de 2015, e criou uma grande expectativa por parte dos clientes e também dos fornecedores de televisão. Contudo, não se pode dizer que a expectativa se tenha transformado em sucesso após dois anos de Netflix em Portugal.

Antecipando o impacto inicial na televisão portuguesa, foram lançados novos serviços de streaming com vista a não perder clientes para a Netflix.

O canal Fox lançou, em Julho de 2015, o serviço FoxPlay, gratuito para subscritores da Vodafone TV e da NOS. Este serviço consta de uma aplicação para computador ou tablet que agrega os conteúdos do canal televisivo, disponíveis para os utilizadores a qualquer momento.

Por sua vez, a distribuidora de telecomunicações NOS criou o seu próprio serviço, N Play. Esta plataforma, com um princípio bastante semelhante ao da Netflix, disponibiliza todo o conteúdo do videoclube da operadora aos clientes, através de um pagamento adicional de 7.5€ por mês.

A Vodafone e, mais recentemente, a MEO disponibilizam a aplicação da Netflix integrada nas suas set-top boxes.

Um obstáculo fulcral ao crescimento da Netflix em Portugal é, certamente, o facto de a distribuição de internet estar aliada à distribuição de televisão pelas operadoras, normalmente num pacote triple-play.

Mesmo que a população consuma maioritariamente séries televisivas e filmes, ao desistir de um pacote de televisão, na maior parte dos casos, estará a desistir também da internet. Portanto, torna-se difícil arranjar uma alternativa para dar seguimento ao acesso à internet, indispensável ao funcionamento da Netflix. Este facto aliado aos elevados preços das operadoras de telecomunicações, sugere não compensar adquirir ambos os serviços.

Segundo um estudo divulgado pela Anacom, um ano após o aparecimento da Netflix em Portugal, apenas 2% dos Portugueses tinha aderido ao serviço. As respetivas concorrências chegavam a uma percentagem ainda mais reduzida da população, de 1%.

De entre utilizadores de internet, a adesão a estes serviços é de apenas 9%. Ainda, três em cada quatro utilizadores que usa este tipo de serviço prefere a versão móvel (tablet ou smartphone).

O preço é também um fator decisivo no consumo de serviços de internet em Portugal. 85% do conteúdo preferido pelos utilizadores é gratuito e 86% da população utiliza serviços de música exclusivamente gratuitos, colocando-nos na primeira posição na Europa.

Em suma, apesar da população portuguesa se revelar das mais entusiastas da Europa no acesso a informação e entretenimento online, apenas uma percentagem residual utiliza a internet para assistir a televisão, como é ilustrado no gráfico.

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MODELO DE NEGÓCIO

Tendo vindo a crescer tremendamente nos últimos anos a nível internacional, a Netflix conta hoje com 109 milhões de subscritores num total de 109 países, correspondendo a um crescimento de quase 50% em apenas um ano. Enquanto que entre 2016 e 2017 se registaram apenas 850 mil novos subscritores nos EUA, 4.5 milhões chegaram à plataforma pela primeira vez vindos do resto do mundo.

5.1. Investimento em conteúdo

A Netflix pretende responder adequadamente à quantidade de procura por parte dos subscritores, tanto norte-americanos, como cada vez mais a nível mundial.

Grande parte do sucesso deste fornecedor de Video on Demand (VOD) é devida à escolha do conteúdo disponibilizado aos clientes. A Netflix estabelece, portanto, parcerias com fornecedores de modo a obter licenças de streaming para determinados filmes e séries de televisão.

Mas a sua estratégia vai mais longe que isso. Ao longo dos anos, a Netflix tem começado a produzir internamente séries, às quais dão o nome de Originais Netflix, e ainda obter direitos de transmissão exclusivos.

Por esta razão, está previsto o investimento de 7 a 8 mil milhões de dólares em conteúdos no ano de 2018, em que um quarto está reservado a produções originais da Netflix.

5.2. Planos de adesão

A subscrição da Netflix é feita através da criação de uma conta e do pagamento mensal de um valor que varia de acordo com as funcionalidades desejadas.

Para isso, a Netflix disponibiliza três planos de adesão.

Para qualquer plano, o utilizador obtém acesso ilimitado a todo o conteúdo da Netflix e através de qualquer dispositivo. A subscrição pode ser também cancelada online a qualquer momento, sem custos adicionais e o primeiro mês é gratuito.

O plano mais simples e económico é o plano base, autorizando apenas a utilização de um ecrã de cada vez, por 7.99€ por mês.

O plano standard permite a utilização de dois ecrãs em simultâneo e ainda qualidade HD, por 10.99€ por mês.

O plano mais completo é o plano premium, por 13.99€ por mês, permite a utilização de quatro ecrãs simultaneamente e disponibiliza não só qualidade HD como ainda ultra HD.

Nos EUA, existe ainda um outro serviço que oferece planos de DVD e Blu-ray, sem streaming incluído, com preços variáveis de acordo com o número de discos por mês e alugados simultaneamente.

5.3. Concorrência

Mesmo face ao acelerado crescimento do streaming a nível mundial, a Netflix tem conseguido ofertas de conteúdo vasto e atractivo, aliado a um preço acessível, que a põem automaticamente na liderança do mercado.

A Netflix detém ainda algumas patentes que se aplicam a funcionalidades do serviço de streaming e de DVD, que a colocam em vantagem relativamente a alguns competidores do mercado.

Contudo, existem cada vez mais serviços com objetivos e ideias semelhantes, alguns chegando a poder competir com o fenómeno que é a Netflix hoje em dia. Por outro lado, derivado dos direitos de exclusividade e dos preços tão acessíveis, esta concorrência pode ser vista quase como uma viagem lado a lado e não uma corrida pela liderança.

O que pareceu ao início uma forte ameaça ao recrutamento de subscritores por parte da Netflix foi o serviço Amazon Prime. Com um conteúdo vasto e preços bastante acessíveis por mês, as condições deste fornecedor de Video on Demand aproximam-se claramente das da Netflix.

Contudo, segundo a revista Forbes [22] e de acordo com um estudo da Futuresource [21], quase metade dos subscritores da Netflix no Reino Unido e nos EUA também subscrevem os serviços da Amazon Prime. Isto deve-se principalmente ao diferente conteúdo disponibilizado em cada serviço e aos preços muito reduzidos de ambos, justificando a subscrição de mais do que um serviço simultaneamente.

Outra forte fornecedora de serviços streaming é a Hulu, que está agora em incial crescimento, seguindo a estratégia da Netflix. Com menor abrangência de conteúdos que a Netflix, a Hulu tem tentado acompanhar o passo no que respeita aos direitos de streaming e ainda no lançamento de algumas séries originais.

Com um preço acessível, mas com vídeos disponíveis apenas nos EUA, a Hulu continua a ser uma segunda escolha para serviço streaming e não exatamente uma alternativa à Netflix.

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METADADOS

Uma questão interessante é como é que a Netflix consegue fazer recomendações. A resposta é simples: usando metadados.

Os analistas da Netflix conseguem encontrar todas as semelhanças entre filmes e programas de TV através de duas aplicações: a Video Metadata Service (VMS) e o NetflixGraph.

A VMS é uma plataforma de metadados que contém toda a informação sobre vídeos, como a sinopse, o título, o elenco, o director, etc. O NetflixGraph, por outro lado, contém os dados sobre relações entre entidades como vídeos, personagens e etiquetas.

De forma a armazenar os mesmos dados de forma mais eficiente, a Netflix criou uma biblioteca para representar gráficos de dados. Em tempo de execução, quando os analistas precisam de encontrar conexões sobre as propriedades de um determinado conteúdo, seguem os seguintes passos, exemplificados na imagem:

  1. encontrar o número de 1 a n que corresponde ao conteúdo (objecto) a analisar;

  2. procurar o ponteiro no vector de bytes para este objecto;

  3. encontrar a primeira propriedade para o tipo de nó desse objeto no esquema;

  4. analisar quantos bytes são usados ​​para representar esta propriedade e incrementar o ponteiro pelo valor descoberto no ponto anterior;

  5. avançar para a próxima propriedade no esquema;

  6. descodificar iterativamente valores do vector de bytes, cada vez que adiciona o valor atual ao valor anterior;

  7. procurar os objetos conectados pelos números retornados após todo o processo de análise.

Estes dois métodos são os que realmente levam a Netflix a definir as preferências dos seus clientes. A classificação dos filmes e programas de TV pouco ou nada acrescentam a esta escolha porque as pessoas dão notas altas a filmes como A Lista de Schindler, e o oposto acontece com as comédias, como A Ressaca. O que não significa que seja essa a preferência de quem vota, porque a popularidade é o oposto da personalização. 

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CODIFICAÇÃO

A Netflix dispõe de mais de 100 formatos de codificação para cada conteúdo. A codificação torna o armazenamento mais eficiente e permite a redução da taxa de transmissão para valores admissíveis no canal e no dispositivo final.

Na codificação de vídeo, o processo explora a redundância espacial (correlação, parecença e previsão), numa imagem e temporal entre imagens e irrelevância, isto é, tem em conta a sensibilidade do sistema visual humano. Na codificação de áudio, a codificação explora maioritariamente a irrelevância.

4.2.1. Codificação de Vídeo

O salto global de 2016 para países em que as pessoas acedem à internet através da rede móvel ou não têm baixa largura de banda, fez com que a Netflix tivesse necessidade de implementar um novo sistema de compressão que permita o streaming independentemente da ligação ter má qualidade ou velocidade consideravelmente reduzida.

O primeiro tipo de codificação, implementado com o intuito de responder a esta necessidade, foi a codificação: Dynamic Optimizer. Esta codificação é feita cena a cena, isto é, num filme, por exemplo, pode haver uma cena em que haja muita ação com apenas um plano de fundo e uma outra só de paisagem. Estas devem ter parâmetros de compressão diferentes. Este sistema permitiu à Netflix conseguir streams utilizando metade do bit rate com qualidade superior à que conseguia com o dobro do bit rate.

No entanto, a Netflix quer sempre mais e melhor para os seus clientes e por isso, apesar de muitos dos dispositivos compatíveis com a Netflix receberem streams que são codificados pelo H.264 /AVC ou AVC Main (optimização por título – cena a cena), começou a utilizar dois formatos mais recentes e com ferramentas de codificação mais sofisticadas.

Os novos formatos de codificação utilizados são o AVC Hi-Mobile e VP9-Mobile que, face ao H.264/AVC, melhoram a eficiência de compressão da seguinte forma:

  • aumento do período de acesso aleatório a imagens;

  • mais tramas-B consecutivas ou maior distância entre tramas Alt-ref, bastante vantajoso para cenas com passagens lentas;

  • avaliação de mais opções de codificação com base no tempo de codificação de cada uma;

  • melhor previsão de movimento.

Estes dois formatos mais recentes utilizam técnicas de codificação específicas e a codificação do tipo por parcela (per-chunk). Neste caso, o bit rate por parcelas é optimizado segundo a complexidade das mesmas (movimentos, detalhe, granulagem, textura, etc.) o que reduz flutuações de qualidade entre parcelas e alocação excessiva de bits para parcelas menos complexas.

O gráfico acima representa a comparação do que é poupado em bitrate com a utilização dos novos formatos de codificação vs o formato de codificação AVC Main. Neste teste foram calculados o PSNR e o VMAF (reflecte a percepção por parte do utilizador) para medir a qualidade de vídeo. A BD-rate indica a variação média na taxa de bits necessária para atingir a mesma qualidade que a âncora.

Concluímos assim que para obter a mesma qualidade com os novos formatos é necessário um bit rate significativamente inferior.

4.2.2. Codificação de Áudio

Inicialmente, a empresa utilizava o Dolby Digital 5.1 como método de codificação. No entanto, poder assistir a um filme HD com áudio 5.1 via streaming era algo muito ambicioso a nível técnico mesmo para a Netflix. Por este motivo, houve problemas relacionados com o som surround, que em certos aparelhos não funcionava.

Como a Netflix não desejava fornecer apenas som stereo aos vários clientes com problemas, solucionou a situação com a implementação de HE-AAC (combinação entre baixo bit rate e elevada qualidade de áudio).

Este codec é o mais desejado pela empresa uma vez que permite a transmissão do som surround, sem que seja necessário trocar para stereo quando a largura de banda fica restrita a um determinado valor. A Netflix utiliza também o DD (Dolby Digital) e o DD+ para a codificação de áudio.

4.2.2. Transmissão de streams

A transmissão de streams é feita com recurso ao método adaptative bit rate streaming. Este método tem a capacidade de adapatar o bit rate dos segmentos de dados a transmitir à capacidade de recepcção e reprodução do utilizador por avaliação da largura de banda e da capacidade de processamento da CPU do dispositivo.

Como é feito todo o processo de selecção? O servidor envia os streams de menor qualidade e obtém uma resposta por parte do cliente, dando informação se a sua capacidade é superior ou inferior à que está a receber. Consoante a resposta, o servidor ajusta o stream a transmitir.

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ARQUITETURA

Apesar de ser possível, armazenar toda a biblioteca da Netflix nuns quantos servidores, dentro de apenas um prédio, essa abordagem traria vários problemas como a alta latência em locais afastados dos servidores e custos de largura de banda muito elevados. Por este motivo, a Netflix gere a sua própria rede de distribuição Content Delivery Network (CDN) que guarda os conteúdos em caches em diferentes localizações para servir diferentes áreas geográficas. O facto de o conteúdo estar distribuído em diversas localizações é uma forma de segurança que também permite fazer um balanceamento de modo a não sobrecarregar um determinado servidor, garantindo assim melhor qualidade de streaming para o utilizador.

Como funciona então todo este processo de distribuição e entrega do conteúdo dos servidores para o dispositivo do cliente? A Netflix tem todas as tarefas muito bem distribuídas, tendo sempre em vista a melhor experiência por parte do utilizador. Tudo o que acontece antes do play (algoritmos de recomendação, tracking dos conteúdos que poderão suscitar maior interesse, transcodificação, toda a lógica de interface da aplicação, etc.) acontece no Amazon Web Service (AWS). A Netflix utiliza o AWS em vez de ter um serviço cloud próprio porque a sua utilização se justifica a nível económico e é ainda um serviço muito fiável.

Devido ao crescimento abrupto desde o lançamento do serviço streaming, a Netflix sentiu necessidade de criar um processo pós-play totalmente exclusivo. A estratégia foi lançada em 2012 e permite evitar a utilização da capacidade da rede backbone. Por exemplo, na Austrália todo o acesso a conteúdo da Internet que não tenha origem no país vem através de cabos submarinos. Esta solução implica custos elevados e não garante o serviço pretendido. Por este motivo, a Netflix, copia cada arquivo armazenado nos EUA para os locais de armazenamento na Austrália. A cópia é efectuada durante as horas em que existe menos tráfego e, quando acaba, é replicada em dezenas de servidores Open Connect (OC) dentro de cada rede Internet Service Provider (ISP). Os ISPs partilham com a CDN a informação através da internet e, de um modo geral, data centers enormes ligam-se entre si.

Todo este conceito permite a criação de uma combinação altamente eficiente de hardware e software para os nossos aparelhos OC que, em quatro anos, passaram de entregar 8 Gbps de throughput de um único servidor, para mais de 90 Gbps.

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APLICAÇÃO E INTERFACE

Uma particularidade da Netflix é que opera sobre a internet, sendo uma aplicação Over The Top (OTT). O que parece uma solução bastante acessível e simples, pode constituir também um constrangimento relativamente à elevada utilização de banda larga em grande escala, como ao facto do seu funcionamento depender da disponibilidade da internet.

A plataforma Netflix pode ser acedida através de uma aplicação ou do seu Website oficial. A interface é suportada em qualquer dispositivo com acesso à internet, como smart TVs, consolas de jogos ou de operadoras de telecomunicações, computadores, tablets e smartphones.

O principal objetivo da interface da Netflix é conferir ao utilizador qualidade de experiência, através não só da qualidade tecnológica do conteúdo disponibilizado, como da personalização da experiência.

Na sua página inicial, os vídeos encontram-se organizados em categorias, normalmente associadas a géneros (como romance, comédia ou drama) ou classificações (como mais populares ou vencedores de prémios).

Mesmo assim, o mais importante é que qualquer uma destas categorias inclui vídeos com grande probabilidade de agradar ao utilizador. Esta seleção resulta de um algoritmo que combina as características de cada vídeo com uma intensiva recolha de informação de classificações dadas pelo utilizador, histórico de pesquisa, recomendações de amigos, entre outros.

Claro que este algoritmo é feito com base numa conta Netflix, que pode servir várias pessoas ao mesmo tempo. Por isso, a Netflix criou um conceito de perfil que, dentro de uma conta, pode discriminar até cinco pessoas para poder adaptar a experiência aos gostos de cada indivíduo.

Outro conceito inovador é a possibilidade de sincronizar cada perfil com uma conta do Facebook, tendo acesso à lista de amigos. Neste “círculo social”, cada utilizador pode ter acesso ao conteúdo assistido pelos amigos e recomendar-lhes determinados vídeos.

A HISTÓRIA DA NETFLIX

A empresa norte-americana Netflix foi fundada em 1997 por dois engenheiros informáticos, Reed Hastings e Marc Rudolph. Surgiu como um modelo de aluguer de filmes em DVD por correio mas rapidamente evoluiu para o mundo da internet. Em 1998, lançou o seu primeiro site, netflix.com, de aluguer e venda de DVDs. No ano seguinte, adoptou um modelo de subscrição mensal que oferecia aluguer ilimitado de conteúdo que, com mais ou menos alterações, permaneceu até aos dias de hoje.

O desenvolvimento da rede Internet e de métodos mais eficientes de compressão de dados surgiu naturalmente e, com o intuito de expandir o negócio, em 2007, a empresa entrou no mundo do streaming, dando aos seus clientes a possibilidade de visualizarem séries e filmes nos seus computadores pessoais. Passados três anos, contava com cerca de 20 milhões de subscritores e nesse mesmo ano deu o grande salto em direcção à internacionalização, começando pelo vizinho Canadá.

A sua expansão continuou pela América do Sul e, em 2012, chega ao outro lado do Atlântico: à Irlanda, aos países nórdicos e Reino Unido. Nesse ano, ganhou também o seu primeiro Primetime Emmy.

No início do ano de 2013, a Netflix lança o seu primeiro original, a famosa série House of Cards, que criou expectativas nos adeptos de séries e filmes face ao lançamento de novos originais. A expansão internacional continuou a emergir e, em 2015, chega ao Japão, Austrália, Nova Zelândia e a alguns países europeus como a Espanha, Itália e Portugal.

Em 2016 deu-se o boom da internacionalização, atingindo o incrível número de disponibilidade em 190 países. A Netflix continua a explorar opções para fornecer o serviço à grande potência da China. No entanto, devido a restrições políticas, está impedida de atuar em países como a Crimeira, Coreia do Norte e Síria.

Em 2017, a Netflix fechou o terceiro trimestre com 109 milhões de subscritores a nível mundial o que corresponde a um crescimento na ordem dos 49% face ao ano anterior. A empresa está a planear um grande investimento no final deste ano, uma vez que prevê fechar o ano com receitas próximas dos 11 milhões de euros.

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INTRODUÇÃO

A Netflix é não só uma empresa, mas uma experiência em si que está a revolucionar aos poucos o conceito de ver televisão junto da sociedade. Sendo uma aplicação que funciona sobre a Internet, não podia deixar de ser um marco importantíssimo na evolução tecnológica do processamento e transmissão de vídeo e imagem.

Por isso mesmo, revela-se de grande interesse e pertinência estudar e divulgar este tema no âmbito da unidade curricular de Comunicação de Áudio e Vídeo.

Este artigo começa com uma breve contextualização temporal da empresa Netflix e a sua evolução até aos dias de hoje, seguindo para a explicação de como funciona a sua interface, a aplicação em si e as opções de interactividade com o utilizador. A arquitetura do sistema e a tecnologia usada, tanto na codificação e na transmissão de dados, como nos metadados é também um ponto relevante. Numa perspectiva económica, é analisado o modelo de negócio da empresa e o seu impacto no mercado de streaming de vídeo on demand, mais concretamente em Portugal, enquanto que numa vertente mais social, são abordadas algumas considerações sobre o papel da Netflix na sociedade, no ambiente e no combate a práticas ilegais, como a pirataria. Finalmente, é analisado o potencial futuro da Netflix e do conceito da televisão por streaming no geral.

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